As crônicas de Julie e Vicky - Encontro

Julie andava há horas pela praia , eram 5:00 da manhã. E ela não fazia a menor idéia do que tinha acontecido na noite anterior, só sabia que não conseguia entender nada do que estava acontecendo, parecia ter entrado num universo paralelo, daqueles, que de tanto investigar sobre o assunto você acaba mergulhando dentro. Se sentia incompleta, vazia ... mas sabia que estava caminhando debaixo do sol escaldante apenas pra se encontrar. Uma força maior a atraía a alguma direção muito específica. Alguém muito importante estaria a sua espera, ela sentia. De repente a areia quente e a água sob forma de ondas que quebravam aleatoriamente foram dando lugar a uma grama espessa, árvores altas, arbustos, flores e até alguns animais...como um esquilo que a observava como se já a conhecesse. E uma borboleta colorida azul turquesa que pousou no seu dedo indicador e não quis mais sair. "Há algo de muito mágico nesse lugar, mas onde será que estou? mal saberia chegar em casa daqui", pensou ...foi quando ela viu algo tão estonteante e atordoador que quase tropeçou...a sua frente estava uma menina, com semblante tranquilo, deitada no pé de uma árvore lendo um livro com a capa toda prateada e letras garrafais que se embaralhavam toda vez que Julie tentava lê-las ... até elas pararem de se mover e ficar claro o título do livro; O encontro. A menina era exatamente igual a Julie, rosto, corpo. Qualquer um que visse a menina diria que era a própria Julie. O nome dela era Vicky. Vicky então olhou para Julie com um sorriso, e olhos tão brilhantes que ultrapassavam os limites do corpo de Julie; que não conseguiu se mover.

-Oi Julie! eu estava te esperando ... e você também estava me procurando.

Julie sentia que perto de Vicky todo aquela vazio, aquela sensação de estar totalmente perdida desapareciam, era como ter encontrado água no deserto. Mesmo sem entender porque.

-Você é igualzinha a mim, eu não entendo!

-A gente já se conheceu antes, já fomos amigas, irmãs...mas ai brigamos, brigamos feio e acabamos nos separando, mas não tem como mais vivermos separadas! Eu morri de saudades de você...Não podemos mais viver um sem a outra, é impossível.

-Olha só, eu não estou lembrada de ter uma amiga que parece um clone o meu e fica falando loucuras por aí.

-Eu sei que você não se lembra, às vezes a memória apaga tudo que há de traumático pra sempre.  

-Enfim, como foi que eu fui parar aqui?

-Julie, nós não somos duas pessoas diferentes. Somos uma pessoa só. Agora vêm , vamos lá pra casa, vou te fazer um café.